Exposições
Na Vidraça há o Ruido do Diverso
Hugo Canoilas, Giannis Varelas, Thomas Kratz
Apresentação e catálogo: Nuno Faria
8 de Setembro a 19 de Novembro de 2007
Os três artistas desta exposição reúnem-se em torno da multiplicidade orgânica da obra de Fernando Pessoa e não na sua superfície, propondo um conjunto, a um tempo divergente e convergente, de proposições.
Hugo Canoilas reconstrói o espaço expositivo com paredes de papel pintadas. Trata-se de paredes frágeis que se constituem como uma espécie de pele que dá a ver, por elisão, a arquitectura anterior do espaço e que condiciona a relação do espectador com este. É sobre esta hipérbole do espaço que são convidados a intervir Thomas Kratz e Giannis Varelas.
Thomas Kratz trabalhou in situ em directa relação com a obra de Hugo Canoilas, cuja natureza condiciona verdadeiramente o espaço e a leitura das obras que ali se mostram. A partir da sua relação íntima e pessoal com a obra de Fernando Pessoa, o artista alemão constrói um conjunto heteróclito de peças que se afastam o mais possível da intervenção de Hugo Canoilas. Ser um e ou outro, como se aquele lugar se tornasse no espaço das diferenças não negociáveis.
Giannis Varelas, por outro lado, enviou as suas obras, um conjunto de sete pequenas máscaras negras de influência modernista instaladas sobre uma parede do espaço. Ao contrário daquilo que é habitual no modus operandi do artista, Giannis Varelas realiza um trabalho de contenção, como se propusesse reter ou limitar a experiência para vivê-la intensamente. Uma aproximação de contornos pessoanos. Em concomitância com Na vidraça há o ruído do diverso será lançado o livro "Mas o contraste não me esmaga" editado, como habitualmente, pela Assírio e Alvim.
Tornando concreto o diálogo com a obra de Fernando Pessoa, mais do que um catálogo esta publicação constitui-se como uma outra dimensão da exposição, uma experiência em si sobre a ideia de livro enquanto topos, lugar de inscrição e constituição de memória. Nuno Faria